Governo de SP investe R$ 450 milhões em linhas da CPTM cujo plano é privatizá-las ** ** Bauru recebe 27 novos ônibus para transporte coletivo ** ** Número de passageiros do metrô de Salvador cresce 11,6% no 1º trimestre ** ** Governo de Sergipe isenta ICMS sobre óleo diesel para transporte público em Aracaju ** ** VLT Carioca passa a circular uma hora mais cedo ** ** Itajaí testará ônibus elétrico em frota do Sistema de Ônibus Local (SOL) ** ** Empresa quer linha de trem turístico entre Porto Alegre e Gramado; entenda o projeto ** ** Pagamento em Pix passa a ser aceito em todas as estações do metrô do Recife ** ** Siga nossa página no Facebook **
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta sistema Transmilenio Bogotá. Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta sistema Transmilenio Bogotá. Ordenar por data Mostrar todas as postagens

Ao contrário da cidade de São Paulo, Bogotá prioriza o transporte coletivo

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

“Bogotá, com todas as dificuldades, prioriza o transporte coletivo. Já em São Paulo, a prioridade são os veículos particulares”. Desta forma, o coordenador do Programa Bogotá Como Vamos, Carlos Cordoba, resume a principal diferença que observou entre o município colombiano e a capital paulista nas áreas de transporte e mobilidade urbana. Ele, que está na cidade a convite do Movimento Nossa São Paulo e da Comissão de Transporte da Câmara Municipal, participou nesta terça-feira (21/9) do seminário “A experiência de mobilidade na cidade de Bogotá”, realizado na sede do Legislativo paulistano.
No evento, Cordoba se disse surpreso com o fato de existir uma empresa municipal (a Companhia de Engenharia de Tráfego – CET) que “está o tempo todo preocupada com a mobilidade dos automóveis particulares, quando a preocupação deveria ser a mobilidade do transporte coletivo”.
Ao iniciar a exposição sobre a cidade em que vive, ele apresentou alguns dados – Bogotá tem 7,2 milhões de habitantes, 1,4 milhões de veículos particulares e 16 mil ônibus – e fez um breve relato da história dos sistemas de transportes lá utilizados desde o início do século passado, passando pelos bondes, trólebus e ônibus. Segundo ele, o ponto comum em todo o período é que o transporte coletivo sempre foi prioritário para o município.
O militante social colombiano usou a maior parte da exposição para explicar o funcionamento do TransMilenio, sistema de transporte de massa de passageiros baseado em ônibus, que representou um grande avanço para a cidade. “Em 1999 aparece o TransMilenio, inspirado no sistema de Curitiba”, relatou.
Hoje, o sistema conta com 84 quilômetros de linhas troncos – que permitem ultrapassagem e onde rodam, de forma exclusiva, 1.205 ônibus articulados –, além de 633 quilômetros de linhas alimentadoras. Estas funcionam com ônibus normais. São realizadas um milhão e setecentas mil viagens por dia. 
“Além de ajudar a melhorar o trânsito, o TransMilenio provocou uma mudança na cidade”, informou Cordoba, explicando que o novo sistema também teve impacto positivo no aspecto urbanístico, na qualidade de vida e até na cultura dos moradores da metrópole. Outra coisa que ajudou, em sua opinião, foram as campanhas educativas que os três prefeitos anteriores à atual gestão realizaram sobre o tema.
Fora os corredores expressos para ônibus, a capital colombiana tem mais de 300 quilômetros de ciclovias – outros 90 quilômetros estão em construção. “Aos domingos, algumas avenidas são fechadas à circulação de veículos e aproximadamente um milhão pessoas saem de bicicleta para utilizar estes espaços e as ciclovias”, comentou o coordenador do Programa Bogotá Como Vamos.
Os atuais desafios na área de transporte e mobilidade da cidade, pontua ele, são concluir as obras da 3ª fase do TransMilenio, que estão atrasadas em um ano, definir o projeto e construir a primeira linha de metrô e integrar os módulos de transporte de passageiros, o que inclui a implantação de um sistema semelhante ao “Bilhete Único” utilizado em São Paulo.
Cordoba reconheceu que ainda existem problemas a serem resolvidos na área de mobilidade, mencionando que a sociedade civil local tem divergências com o atual prefeito em relação ao trajeto planejado para a linha do metrô e ao custo da tarifa proposto para o futuro sistema integrado de transporte. No caso do metrô, Bogotá Como Vamos solicitou mais estudos antes da definição. “Mesmo que demore mais um ano, que seja tomada uma decisão técnica correta”, argumentou.         
A divergência apontada pelo colombiano em relação ao metrô de Bogotá levou Maurício Broinizi, coordenador do Movimento Nossa São Paulo, a estabelecer um paralelo com a polêmica que acontece na capital paulista sobre as três linhas de monotrilhos planejadas pelos governos municipal e estadual. “É mais ou menos o que estamos propondo em relação ao monotrilho”, comparou Broinizi. Nas audiências públicas e debates, a maioria dos moradores das regiões onde serão implantadas as linhas do novo sistema tem rejeitado o monotrilho e reafirmado a opção pelo metrô. O Movimento defende que os projetos sejam paralisados e estabelecido um diálogo entre a Prefeitura, a Câmara e a sociedade sobre um Plano Municipal de Mobilidade e Transportes Sustentáveis, que incluiria o tema dentro de uma visão mais ampla da metrópole.
Ao dar sua opinião sobre o assunto, o representante do Programa Bogotá Como Vamos afirmou que a proposta de instalar monotrilho em São Paulo “é um exemplo das decisões que são tomadas de forma isolada, sem se pensar no município como um todo” e que não existem exemplos bem sucedidos no mundo deste novo sistema de transporte. “Em várias cidades estão derrubando os monotrilhos, devido à degradação urbana que provocam”, registrou. Para Cordoba, a discussão sobre a mobilidade tem que levar em consideração a questão social e a qualidade de vida das pessoas.
O vereador Juscelino Gadelha (PSDB), presidente da Comissão de Transporte da Câmara e coordenador do seminário, também se posicionou contra os planos da Prefeitura e do Governo do Estado de implantar o monotrilho. “É uma decisão política que o governo tomou. Não passou por está Casa e está sendo implantado”, lamentou.

Veículo particular não circula no Dia Sem Carro e rodízio é de dois dias
Após o encerramento do seminário, que integra a programação da Semana da Mobilidade, o coordenador do Programa Bogotá Como Vamos – organização que, na cidade colombiana, tem uma atuação semelhante a do Movimento Nossa São Paulo, aqui na capital paulista – concedeu entrevista à reportagem, detalhando algumas informações. Leia os principais pontos abordados:
MNSP – Como é o Dia Mundial Sem Carro em Bogotá?
Carlos Cordoba – Lá, o nome é Dia Sem Carro ou Dia da Mobilidade. A data também não é a mesma, pois acontece todos os anos na 2ª segunda-feira de março. Por lei, os carros particulares são proibidos de circular no dia e respeitam a regra. Só rodam os veículos do transporte coletivo, as ambulâncias, as viaturas policiais e outros serviços essenciais para a população.
Como vocês conseguiram aprovar uma lei desta?
Nos primeiros dois anos, a adesão era voluntária, como aqui. Mas, em 2001, a população foi consultada, por meio de um plebiscito, e aprovou a medida. 
Existe rodízio de carros na cidade?
Sim e é mais amplo que aqui. Lá, cada veículo particular fica sem rodar dois dias inteiros por semana.
As restrições à circulação de carros particulares são vistas aqui como medidas impopulares e de difícil aprovação...
Em Bogotá, quando se toma uma decisão desta se é muito criticado, mas depois a população aceita rapidamente. Uma greve do sistema de transporte coletivo, ocorrida em fevereiro deste ano, acabou fortalecendo o apoio da sociedade às medidas. Sem o transporte coletivo, todo mundo saiu de carro para trabalhar e a cidade ficou parada. Então, as pessoas entenderam que não se poderia mais retirar as restrições aos veículos particulares.  


Share |
READ MORE - Ao contrário da cidade de São Paulo, Bogotá prioriza o transporte coletivo

Em Bogotá, BRT é ponto de partida para sustentabilidade

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Os sistemas de transporte público podem ir além da melhoria da mobilidade urbana e ser o ponto de partida para a evolução tecnológica e sustentável de uma cidade. Essa é a proposta que Bogotá, capital da Colômbia, transformou em política pública em outubro de 2013, com o Plano de Melhoria Tecnológica. A cidade quer ser uma vitrine desses aspectos para o resto do mundo. O objetivo principal é melhorar a qualidade do ar e promover avanços na saúde pública, de olho na qualidade de vida de toda a população.

O trabalho começou pela rede de ônibus, cujo modelo foi inspirado em Curitiba, e conta com 13 mil veículos para transportar, em média, 2,2 milhões de colombianos todos os dias. O plano determina a substituição gradativa de ônibus movidos a diesel por outros com baixa ou zero emissão de poluentes. Em paralelo, a Transmilenio, gerenciadora da rede, também aposta na adoção de veículos articulados, para diminuir o tamanho da frota e manter a capacidade de transporte.

“A alta capacidade é necessária para melhorar o sistema, imprimindo mais velocidade e eficiência”, diz Sergio París, presidente da Transmilenio. A cidade desenvolveu uma rede complexa de ônibus: são 112 quilômetros de linhas troncais, por onde passa o BRT (ônibus de transporte rápido, na sigla em inglês), além do sistema de alimentadores, que passa por mudanças devido a uma nova licitação do sistema.

Além disso, a implantação dos ônibus híbridos já começou. Desde abril, são 200 veículos movidos a biodiesel e energia elétrica que circulam pelas ruas da capital colombiana. “Quando começou a se falar de ônibus híbridos, não acreditávamos que teríamos essa tecnologia, era algo fora de alcance. Hoje, estão rodando. Os êxitos que teremos não serão em curto prazo, são processos de maturação”, defende París.

Os híbridos circulam em um dos eixos troncais, o corredor verde da Rua Sétima. Além dos veículos, há uma proposta de aumentar a arborização na cidade. Nesse corredor, como parte do processo de transformação de Bogotá, já estão implantados 20 pontos de parada com teto verde.

Por enquanto, os ônibus híbridos adquiridos são da Volvo, que promete emitir 17,5 toneladas de CO2 por ano a menos que um veículo convencional. Apesar de terem um custo inicial mais alto que o de ônibus convencionais, París afirma que a economia de combustível ajuda a bancar os custos, além da liberação de publicidade externa nesses veículos. No caso, a verba com anúncio não só ajuda a bancar o investimento, como se reverte em receita para o sistema. A expectativa é arrecadar 2,7 milhões de euros por ano com propaganda.

Na visão de París, cabe às cidades procurar na indústria soluções que ajudem a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A proposta de Bogotá é de ser uma incubadora de novas tecnologias, por isso, os governantes estão atentos ao que está disponível no mercado.

Curitiba inspirou sistema colombiano

O Transmilenio, sistema de BRT de Bogotá criado em 2001, foi inspirado no modelo de Curitiba, mas superou o criador por necessidade. Cidade espraiada, Bogotá precisou apostar em uma rede eficiente de transporte, que aliasse rapidez e qualidade para atrair novos usuários.

Depois de 13 anos, o sistema sofre com alguns problemas estruturais – como o atraso na implantação de novos corredores – e operacionais. Para Segio París, presidente da Transmilenio, a cidade precisaria de mais 200 quilômetros de corredores de ônibus, o que ajudaria a acomodar a demanda de viagens, que cresceu 25% no último ano, com o acréscimo de 225 mil passageiros.

Por outro lado, é preciso manejar a frota e reestruturar os serviços. Em Bogotá, as estações são amplas e há mais de um ônibus por parada. Para eles, é preciso melhorar a comunicação visual, para permitir que os usuários visualizem com mais facilidade as linhas que vão usar.

A cidade também estuda a adoção de faixas exclusivas, para quando os ônibus precisam sair das troncais. Nesse caso, o próprio veículo híbrido é um teste. Com piso alto, as portas do lado esquerdo são elevadas, para permitir o embarque em nível nas estações de transporte. Já para garantir a movimentação em outras zonas da cidade, os veículos possuem portas com escadas e elevadores do lado direito, que permitem a parada em pontos de ônibus comuns.

Por Fernanda Trisotto
Informações: Gazeta do Povo

READ MORE - Em Bogotá, BRT é ponto de partida para sustentabilidade

Criado no Brasil, Sistema BRT invadiu o mundo

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Nos anos 70 o Brasil tinha 100 milhões de habitantes e certamente menos problemas do que agora, com uma população de 200 milhões, a maioria concentrada em aglomerações urbanas. Entre os problemas urbanos graves que se multiplicam, como falta de moradias, excesso de população, alarmantes índices de violência, inclui-se a paralisia do trânsito, causada pelo excessivo contingente de automóveis e um retumbante descaso com o transporte coletivo.

Se o transporte público está nessa inglória situação não foi por omissão de um arquiteto e urbanista que sempre colocou a mobilidade coletiva acima do transporte individual. Este urbanista chamado Jaime Lerner, que desde os anos 70 prega no deserto das cidades, foi reconhecido no exterior e tem seguidores, entre eles o engenheiro Wagner Colombini Martins, da Logit Consultoria e autor de vários projetos internacionais de Bus Rapid Transit (BRT), o sistema que privilegia o ônibus.

Ao lado de Lerner, Colombini será um dos palestrantes do Seminário NTU que vai discutir problemas e soluções da mobilidade para a Copa do Mundo de Futebol marcada para 2014 no Brasil.

Colombini tem viajado por boa parte do mundo para implantar o sistema BRT. Suas incursões envolvem África do Sul, sede da Copa do Mundo de 2010, e México, país que promoverá os Jogos Panamericanos de 2011.

Foi num dos hotéis do México que Colombini respondeu por email as questões formuladas por Technibus. Eis o conteúdo da entrevista:
TechnibusPor que o Brasil, dono de uma das maiores indústria de ônibus do mundo não consegue criar corredores de ônibus eficientes que promovam o transporte coletivo? Ainda mais quando se leva em conta que o País é pioneiro no mundo em corredores exclusivos e exportador de projetos. Em casa de ferreiro espeto tem de ser de pau?
Wagner Colombini – O Brasil pecou pela implantação de maus projetos que vieram depois do sistema pioneiro de Curitiba. Tais projetos deterioraram o ambiente no entorno e causaram má reputação à idéia de se implantar corredores de ônibus. Também contribuiu para a não proliferação de corredores de ônibus o fato de que os formadores de opinião no setor transporte são originários do Metrô de São Paulo e de outros sistemas sobre trilhos. Acrescento ainda que o governo federal mantém uma estatal, a CBTU, uma empresa de trens urbanos, em vez de ser companhia de transportes urbanos. A CBTU entende que a fórmula sobre trilhos é a única solução.

Technibus Como a experiência vivida por técnicos brasileiros no México, Colômbia, África do Sul poderá ser útil para que o Brasil tenha sucesso no BRT para a Copa de 2014?
Colombini – Os sistemas BRT foram inventados em Curitiba e pegaram força desde a implantação do Transmilenio, em Bogotá, na Colômbia. Eles são baratos e podem ser implantados por todas as cidades que vão sediar a Copa do Mundo no Brasil.
Technibus O Brasil terá tempo para isso?
Colombini – Os sistemas BRT podem ser implantados em pouco tempo. Dou como exemplos o Transmilenio, que levou dois anos para ser construído, e o projeto Macrobus, de Guadalajara, no México, que levou pouco mais de um ano. A grande dificuldade enfrentada por esses sistemas foi a negociação com os operadores locais uma vez que em geral não existiam empresas operadoras de transporte, prevalecendo o sistema “hombre-camión” (indivíduos proprietários de veículos). O Brasil não deverá enfrentar esse tipo de problema, pois tem uma comunidade operadora madura e organizada em forma de empresas.

Technibus Foram escolhidas as 12 cidades sedes para a Copa de 2014. Na sua avaliação quantas poderiam ter BRT. Onde seriam? E quais os custos?
Colombini – Todas as cidades poderão implantar sistemas BRT para resolver as suas necessidades por transporte, visando apoiar a realização dos jogos durante a Copa do Mundo. Os custos deverão estar na ordem de R$ 20 milhões por quilômetro, incluindo desapropriações. Os sistemas BRT podem apresentar capacidade similares aos sistemas sobre trilhos e utilizam tecnologia 100% nacional, privilegiando a criação de empregos locais na sua implantação.


Technibus Enumere as cidades onde você implantou o BRT? Quantifique os corredores, quilometragem, características, passageiros transportados e outras informações.
Colombini – Participei do Transmilenio, de Bogotá, sistema que deverá ser ampliado em 2011. O Transmilenio conta hoje com 100 quilômetros de extensão, tem estações centrais, fechadas, dotadas de bilheterias e catracas similares a estações de metrô. O sistema transporta cerca de 1,5 milhão de passageiros por dia. O Transmilenio opera em canaleta exclusiva, no centro de uma via e, como disse, tem estação central fechada. A plataforma das estações está em nível. As estações contam com faixa de ultrapassagem. Importante frisar que o Transmilenio foi inspirado em Curitiba, só que adotando a estação central e o conceito de ônibus expresso, com faixa de ultrapassagem, o que permitiu atingir níveis de capacidade nunca antes imaginado por um sistema operado por ônibus articulados.

Outro projeto em que estou envolvido é o Macrobus, em Guadalajara, no México, com 15 quilômetros de extensão, similar ao Transmilenio, mas com menor capacidade. O Macrobus transporta hoje, dois meses após sua inauguração, mais de 100 mil passageiros por dia. Participei ainda do Expresso Tiradentes, na cidade de São Paulo. O conceito é semelhante ao sistema de Curitiba, com cerca de 8 quilômetros de extensão, com estações laterais, veículos de alta capacidade, pré-pagamento nas estações e mais de 100 mil passageiros por dia.

Tenho ainda atuado em diversos projetos de sistemas planejados para serem implantados no futuro próximo: Corredor Expresso Celso Garcia (São Paulo), Corredor T5 (Rio de Janeiro), Sistema Rea Vaya (Joanesburgo, África do Sul), Sistema iKapaRapid (Cidade do Cabo, África do Sul), Sistema DART (Dar es Salaam, Tanzânia), Corredor Juan Justo (Buenos Aires), Transmilenio Fase 3 (Bogotá) e Macrobus Fases 2 e 3, em Guadalajara.

TechnibusFale sobre a experiência com BRT na África do Sul. Até 2010 quantos corredores vão operar no país sede da Copa? Dê detalhes das obras, das características, dos corredores, da frota.
Colombini – São nove as cidades-sede da Copa 2010 na África do Sul. Pelo menos 6 delas estão desenvolvendo projetos para implantação de sistemas BRT. Os sistemas têm em geral grande extensão. Joanesburgo terá um sistema com 300 quilômetros de extensão – já para a Copa cerca de 50 quilômetros de corredores deverão estar implantados.
O sistema de tarifa deverá ser com base na distância percorrida, fora do padrão brasileiro de tarifa única. Há também uma tendência de implantar serviços tronco-alimentados e de utilização de veículos articulados, com diesel padrão Euro-4 devido à busca por baixa emissão de poluentes. Friso, no entanto, que há uma grande dificuldade na negociação com os serviços de lotações, que predominam no transporte público urbano nas cidades da África do Sul.

TechnibusComo fazer para que um BRT dê certo? Por que sistemas são bem sucedidos e outros não emplacam?
Colombini – Todo projeto tem que ter um líder, um campeão, que vai enfrentar todas as dificuldades políticas e negociais para sua implantação. Este líder precisa ter convicção ao negociar com os diversos interessados (população no entorno, empresas de ônibus, provedores de tecnologia, setor de engenharia de tráfego etc).
É preciso ainda que o líder tenha poder para reestruturar as rotas (em geral, tronco-alimentadas) e força para retirar as linhas que competem no corredor, além de evitar a presença de piratas. Fora tais condições essenciais, o projeto tem que ser adequado e permitir real prioridade ao transporte coletivo. Entre os requisitos técnicos estão as estações que precisam ser dimensionadas com folga no nível de ocupação. Devem ser instaladas em módulos, contemplando de início locais de maior demanda.
É essencial ainda que o corredor tenha características de projetos que promovam melhora do meio urbano e isso pressupõe estações fechadas, com pré-pagamento, que garantam rápido embarque e desembarque de passageiros. Tais providências asseguram velocidade de operação e evitam filas nas estações. Importante também: o corredor deve ter garagens de ônibus junto aos extremos, nos bairros.

TechnibusQuais os custos de implantação (incluindo desapropriação) do BRT versus metrô?
Colombini – O sistema BRT tem custo de implantação na faixa de US$ 5 milhões a US$ 10 milhões por quilômetro. Já um sistema de metrô custa acima de US$ 100 milhões por quilômetro. De custo intermediário, o sistema VLT demanda recursos acima de US$ 25 milhões por quilômetro.

Technibus Fale de outros BRTs em projeto no Brasil?
Colombini – A cidade do Rio de Janeiro tem vários projetos (T5, Linha C, Via Light, Av. Brasil). Na cidade de São Paulo o corredor Celso Garcia tem todas as características para receber um BRT. Há ainda o corredor Itapevi-Pinheiros, em desenvolvimento, e que envolve negociação entre vários municípios por abranger cidades daárea metropolitana da Grande São Paulo.
Na capital gaúcha pretende-se implantar um conjunto de BRT, denominado projeto Portais da Cidade, enquanto Belo Horizonte pretende adotar um corredor BRT típico na Avenida Antônio Carlos, além de projetos de uma rede do sistema. Recife, Salvador, Rio Branco, entre outras cidades, também têm projetos prevendo a adoção de BRT.

Receitas de um sistema que acelera a mobilidade
Países pobres, emergentes e ricos, não importa, todos eles enfrentam problemas de mobilidade com o fenômeno da urbanização que faz crescer exponencialmente o trânsito sem que a infraestrutura viária possa acompanhar a demanda do transporte individual.

A resposta dos gestores públicos para enfrentar o nó nas cidades tem sido cada vez mais oferecer opções de transporte coletivo de alta capacidade, boa qualidade e custos moderados.

O Bus Rapid Transit (BRT) tem sido uma saída buscada por países como o México, que tem um programa de transporte massivo por ônibus, promovido pelo governo federal. Mesmo quadro se repete na Colômbia e no Peru, que vem implantando um programa de BRT na capital, Lima, e em algumas outras cidades.

Na África do Sul, o governo local também encampou o BRT de olho na Copa do Mundo de 2010. A implantação de sistemas de transporte massivo por ônibus está em curso em cidades de maior porte do país africano.

Da mesma forma o governo chinês, no canteiro de obras de infraestrutura em que transformou o país de 1,3 bilhão de habitantes, tem programa de implantação de BRTs e de otimização das malhas de transporte coletivo.

Nem Nova York resistiu ao BRT. A cidade, este ano, ganhou o prêmio de mobilidade ao ter um programa de forte apoio ao transporte sustentável baseado na implantação de BRTs, ciclovias, na restrição ao uso do automóvel e na implantação de áreas de uso público de muita qualidade.

Mas o que é BRT? Quem explica de forma didática é Wagner Colombini, consultor da Logit, empresa especializada em projetos de BRT com sistemas implantados ao redor do mundo.
BRT é basicamente sistema de transporte por ônibus e, idealmente, apresenta as seguintes características:
1 – Os veículos de um BRT em geral são de grande capacidade (padron, articulado ou biarticulado).
2 – Os ônibus trafegam em canaleta exclusiva, no centro de uma via.
3 – As estações são centrais e o passageiro paga ao entrar na estação, de forma similar ao que ocorre com os sistemas sobre trilhos.
4 – As estações são fechadas, com abrigo e proteção ao passageiro.
5 – Entradas ou saídas dos passageiros, nos ônibus, são feitas em plataformas, instaladas no mesmo nível do piso interno do veículo. Permite-se, com isso, movimento seguro e rápido aos usuários, além de acessibilidade universal a todos cidadãos portadores de deficiências de locomoção.
6 – O BRT em geral é dotado de faixas para que se possa ultrapassar ônibus estacionados nas estações.
7 – As faixas de ultrapassagem são utilizadas por ônibus de serviços expressos ou semiexpressos, que ligam os principais pontos de origem/destino no corredor.
8 – Sistemas BRT são dotados de centro de controle operacional que recebem informações fornecidas por GPS instalados nos veículos, por sua vez conectados com uma central. O objetivo é manter a regularidade operacional do sistema.
9 – O sistema BRT tem comunicação visual destacada para que o passageiro o diferencie de um sistema de ônibus comum.
10 – A velocidade média comercial dos serviços de um BRT é elevada, na faixa de 22 km/h para serviço parador e de 35 km/h para serviços expresso ou semiexpresso.
11 – Os sistemas BRT apresentam grande capacidade de atendimento de demanda. Podem chegar a níveis semelhantes aos praticados pelas mais carregadas linhas de metrô. O BRT Transmilenio apresenta demanda acima de 40 mil passageiros por hora, no trecho mais carregado, no pico da manhã.


READ MORE - Criado no Brasil, Sistema BRT invadiu o mundo

Série Transporte pelo Mundo Chega a Bogotá, considerada por muitos a cidade mais eficiente em transporte público da América do Sul

domingo, 30 de maio de 2010


Considerado hoje um dos mais inovadores e revolucionários projetos de transportes entre os recentemente implantados em todo o mundo, o Transmilênio é muito mais do que um projeto bem-sucedido. Com investimentos mais baixos do que a implantação de um transporte de massa sobre trilhos, mudou o conceito do ônibus, deu nova identidade à cidade e aumentou a auto-estima de seus habitantes.

O sistema é integrado, utiliza ônibus articulados que circulam em faixas segregadas, com paradas em estações modernas e equipadas com catracas eletrônicas. O embarque pode ser feito com cartões de uma a 50 viagens, e uma tarifa única, correspondente a R$ 1,30, permite o embarque no alimentador e no articulado. São transportados atualmente 1,25 milhão de passageiros/dia e a frota de articulados é composta por 1.008 veículos. Mais 406 ônibus comuns funcionam como alimentadores do sistema principal.


O grande diferencial desse projeto foi o forte investimento para dar conforto e segurança ao pedestre, através de ampliação de calçadas, implantação de parques em bairros pobres, com bibliotecas e escolas, iluminação pública, plantio de árvores e outros benefícios, que levaram em conta o fato de que a cidade pertence às pessoas, não aos veículos. Foram construídos 300 km de ciclovias.

Para o funcionamento, há uma parceria entre a iniciativa pública e a privada: a Transmilênio S.A., empresa pública, é a gestora do sistema, planejando e controlando a operação; existe um administrador financeiro, que administra a receita e a venda das passagens, fazendo a distribuição das parcelas tocantes a cada empresa. Operadoras troncais (sete) e alimentadoras (seis) e empresas responsáveis pela disponibilização de dinheiro trocado para as bilheterias e arrecadação, ao fim do dia, completam o sistema operacional.

O projeto, que teve um custo de 300 milhões de dólares, teve 25% desse valor garantido por imposto adicionado ao preço da gasolina e os restantes 75% cobertos pelo governo federal da Colômbia. Outras seis cidades colombianas desenvolvem projetos inspirados no Transmilênio: Pereira (Megabus), Medelín (Metroplus), Cali (Metrocali), Barranquilha e Soledad (Transmetro), Cartagena (Transcaribe) e Bucaramanga (Metrolíneas).



BOGOTÁ, Colômbia - Como a maioria das ruas das cidades em expansão do mundo em desenvolvimento, sétimo Bogotá Avenida se assemelha a um ruído, Parqueamento escape revestido - um emaranhado gluey de carros e frágil, fumo soprar microônibus particulares que há muito tempo desde o transporte para as massas .
Mas a poucos quarteirões de distância, elegantes veículos vermelhos cheios de passageiros diminui a velocidade das quatro pistas centro da Avenida de las Américas. O tempo, segmentado, ônibus de baixa emissão são parte de um novo sistema de transporte público chamado ônibus de trânsito rápido, ou BRT.

É mais como um metrô acima do solo do que um conjunto de rotas de ônibus, com sete linhas se cruzam, as estações fechadas que estejam inscritos através de catracas com o furto de um cartão de tarifa e treinadores que sinto dentro de bondes.
Versões destes sistemas estão sendo planejados ou construídos em dezenas de cidades em desenvolvimento ao redor do mundo - Cidade do México, Cidade do Cabo, Jakarta, Indonésia e Ahmedabad, na Índia, para citar alguns - fornecer transporte público que melhora o fluxo de tráfego e reduz a poluição atmosférica em uma fração do custo de construção de um metrô.
Mas os sistemas de trânsito rápido têm um outro benefício: elas podem deter a chave para combater as alterações climáticas. As emissões dos automóveis, caminhões, ônibus e outros veículos nas cidades em expansão da Ásia, África e América Latina conta de um componente crescente de gases do efeito estufa ligados ao aquecimento global.

Embora as emissões da indústria estão diminuindo, os relacionados ao transporte são esperados para subir mais de 50 por cento em 2030 nos países industrializados e das nações mais pobres. E 80 por cento do que o crescimento seja no mundo em desenvolvimento, de acordo com dados apresentados em Maio, uma conferência internacional em Bellagio, Itália, patrocinado pelo Banco Asiático de Desenvolvimento eo Instituto do Ar Limpo.

Para ser eficaz, um novo tratado climático internacional que será negociado em Copenhague em dezembro deve incluir "uma resposta política às emissões de CO2 provenientes dos transportes no mundo em desenvolvimento", a declaração da conferência Bellagio concluiu.
Sistemas de trânsito rápido, como ônibus de Bogotá, chamou TransMilenio, poderá conter uma resposta. Agora utilizada uma média de 1,6 milhões de viagens a cada dia, TransMilenio tem permitido a cidade para remover 7.000 carros privados de seus caminhos, a redução do uso de combustível de ônibus - e as emissões associadas - por mais de 59 cento desde que abriu sua primeira linha em 2001, de acordo com os funcionários municipais.
Em reconhecimento a essa proeza, a TransMilenio no ano passado se tornou o único grande projeto de transporte aprovado pela Organização das Nações Unidas para gerar e vender créditos de carbono. Os países desenvolvidos que ultrapassam seus limites de emissões sob o Protocolo de Quioto, ou que simplesmente querem polir uma imagem "verde, pode comprar créditos de TransMilenio para equilibrar seus orçamentos de emissões, levando Bogotá cerca de US $ 100 milhões a US $ 300 milhões até agora, dizem analistas.


READ MORE - Série Transporte pelo Mundo Chega a Bogotá, considerada por muitos a cidade mais eficiente em transporte público da América do Sul

Sistema BRT contribui para mobilidade urbana sustentável, aponta ONU

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) recentemente recomenda a adoção do BRT (Bus Rapid Transit) nas cidades com o objetivo de promover a mobilidade urbana de maneira sustentável.

Segundo o documento ‘Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza’, “o sistema de trânsito rápido de ônibus de Bogotá está contribuindo para a queda de 14% nas emissões por passageiro e, como um produto de seu sucesso, o BRT foi reproduzido em todo o mundo em Lagos, Ahmadabad, Cantão e Joanesburgo”.

No estudo, a ONU ressalta a importância das ações governamentais no quesito sustentabilidade.  “A distribuição deste investimento – redes de transporte, acesso a serviços, construções, sistemas de água e energia – terá um papel crucial no processo de evitar ou restringir infraestruturas com alta emissão de carbono na próxima geração”, diz o relatório.

O BRT é um termo geral utilizado para sistemas de transporte urbano com ônibus, em que melhorias significativas de infraestrutura, veículos e medidas operacionais resultam em uma qualidade de serviço mais atrativa. Sua principal característica são os corredores exclusivos para ônibus circularem.

Atualmente, três cidades brasileiras contam com o sistema em funcionamento, de acordo com levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU): Curitiba (PR), Goiânia (GO) e Uberlândia (MG).

Projetos
Tendo em vista a Copa do Mundo de 2014, várias das cidades-sede do evento apresentaram ao Ministério das Cidades projetos de implantação do BRT. Estão previstos 22 projetos, sendo que uma cidade pode abrigar mais de um: em Belo Horizonte (MG), Curitiba(PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Salvador(BA).

Para a  NTU, os sistemas em andamento “vão muito além da perspectiva de atendimento das demandas imediatas relacionadas à Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de em 2016. Os projetos de BRT contribuem para criação de sistemas, que se transformarão em legados para grandes contingentes populacionais urbanos e não somente para aqueles que estão envolvidos nesses eventos internacionais”.

Bogotá
Praticamente todos os componentes de BRT foram desenvolvidos na cidade de Curitiba durante os anos 70, 80 e começo dos anos 90.

O sistema oferece as vantagens de linhas exclusivas de ônibus com integração em terminais especiais, e a rapidez e baixo custo da construção para a tecnologia de ônibus. Com isso, os veículos circulam com maior velocidade, sem retenções de trânsito, consumindo menos combustíveis e, consequentemente, emitindo menor quantidade de poluentes.

Essa tecnologia, hoje bastante difundida, vem sendo adotada por grandes cidades em todo o mundo, como Londres, Johanesburgo, Istambul, Teerã, Nova Dehli, Beijing, Los Angeles e Cidade do México, entre outras.

Em Bogotá (Colômbia), está o exemplo de maior sucesso. Em 1999, o BRT foi implantado, o que transformou a realidade da cidade. Aprovado por mais de 80% da população, o Sistema Transmilenio (foto à direita), como foi batizado, proporcionou queda de 80% no número de acidentes de trânsito e a emissão de poluentes foi reduzida em 33% nos últimos anos. Boa parte da população trocou os carros pelos ônibus, o que fez a utilização de automóveis cair cerca de 20%.

Dados da NTU mostram que as motocicletas poluem 32 vezes mais e gastam cinco vezes mais energia por pessoa transportada do que o ônibus. Os automóveis, por sua vez, poluem 17 vezes mais que os ônibus por pessoa.

Além disso, segundo um estudo de 2008 do instituto americano ITDP, um sistema BRT custa de dez a 100 vezes menos que um sistema de metrô, além de ser mais rápido de se implantar.

Aerton Guimarães
Agência CNT de Notícias


READ MORE - Sistema BRT contribui para mobilidade urbana sustentável, aponta ONU

Estação Penha é a próxima parada do BRT Transcarioca

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

As 13 estações do BRT Transcarioca entre Madureira e a Penha serão abertas até o fim de setembro. A informação foi dada ontem pelo secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão, ao DIA . A nova linha que ligará os dois bairros terá 14 paradas (incluindo a Estação Paulo da Portela, que já funciona para os serviços Madureira-Alvorada) e vai cruzar locais populosos como Vaz Lobo e Vila Kosmos.

O trajeto passará próximo ao cartão-postal da região, a Igreja da Penha, onde haverá duas estações (Penha 1 e 2). Em Vicente de Carvalho, uma das paradas, o sistema se integra ao metrô. O anúncio do secretário foi feito quatro dias após o início da operação 24 horas por dia do serviço parador (25 estações) Madureira-Alvorada do BRT, no sábado. Está em funcionamento ainda o expresso Madureira-Alvorada (seis paradas) e o semi-direto Alvorada-Galeão (com parada em Vicente de Carvalho). 

O secretário, contudo, ainda é cauteloso em relação à escolha da data definitiva para a inauguração da nova linha até a Penha. “O mais importante não é o dia exato. Trabalhamos para que o serviço comece em setembro e isso vai acontecer”, disse o secretário, ressaltando que a principal preocupação é com a qualidade do sistema de transporte oferecido ao usuário e não com o prazo. 

Inaugurado em 2 de junho, o Transcarioca transporta hoje 70 mil pessoas diariamente e, segundo a Secretaria Municipal de Transportes, terá capacidade para atender a 320 mil passageiros por dia quando suas 45 estações (da Barra ao Aeroporto Internacional) estiverem em funcionamento. 

Além do serviço parador Penha-Madureira, a terceira etapa de implantação do Transcarioca prevê os trajetos Ilha do Fundão-Alvorada (expresso, com 12 estações) e Galeão-Penha (parador, em 10 estações). Sansão, que levou o criador do BRT de Bogotá, Enrique Peñalosa para conhecer o sistema do Rio, ontem, não confirmou se os demais serviços também serão inaugurados em setembro.

Criador do ‘TransMilenio’ de Bogotá elogia sistema do Rio 
Autor de um dos mantras dos planejadores urbanos — “Boa cidade não é aquela em que até os pobres andam de carro, mas aquela em que até os ricos usam transporte público”, o colombiano Enrique Peñalosa aprovou ontem o BRT carioca, depois de visitar o Centro de Controle Operacional (CCO) do sistema, na Barra, e fazer uma viagem do Terminal Alvorada a Vicente de Carvalho, pelo corredor Transcarioca. 
“Acredito que esse sistema aponta para o futuro do transporte nas cidades. No Rio, me impressionou a construção de passarelas especialmente para os usuários do BRT, o que não fizemos em Bogotá. É um exemplo para o mundo”, disse ele, que criou o BRT TransMilenio, quando foi prefeito da capital colombiana, de 1998 a 2001. 

Peñalosa fez todo o trajeto até Vicente de Carvalho em pé, acompanhado pelo secretário Alexandre Sansão. Durante a viagem, ouviu elogios ao BRT de passageiros com quem conversou, esforçando-se no ‘portunhol’. Crítico do hábito carioca de estacionar carros nas calçadas, o ex-prefeito de Bogotá qualificou de “maravilhoso” o CCO. Além dos elogios, Peñalosa fez sugestões de melhorias ao BRT do Rio. “É preciso ampliar as calçadas nas bordas das estações para facilitar a circulação”. E deu dicas no campo do marketing: “O BRT deve ser vendido sempre como um transporte melhor que o metrô.”

Resistência preocupa 
O rodízio de carros no Centro do Rio pela numeração das placas, se ocorrer, será seguido também do fechamento de mais vias. A medida está em estudo pela prefeitura do Rio como uma forma de aliviar o trânsito da região, ainda mais asfixiado desde o fechamento da Avenida Rodrigues Alves, em 25 de julho. 
“Se acontecer, o rodízio não pode ser a salvação do trânsito no Centro. Ele viria acompanhado de outras medidas, como o fechamento de algumas vias”, afirmou o secretário municipal de Transportes Alexandre Sansão. No radar da prefeitura, há uma fonte adicional de preocupação: a potencial impopularidade da medida. “Sabemos que pode haver resistência da população ao rodízio”, reconheceu Sansão. “Estamos estudando a questão com cuidado, mas hoje não se pode afirmar que ele será implantado”, ressaltou. 

Sansão disse ter consultado a Prefeitura de São Paulo sobre os prós e contras do rodízio em uma grande metrópole. Na capital paulista, famosa pelos congestionamentos, a proibição da circulação de carros de acordo com o último número da placa vigora desde 1997. Atualmente, a prefeitura paulistana estuda a ampliação do rodízio para o dia todo, já que só vale nos horários de pico da manhã e da tarde. 
Sansão não confirmou um prazo para a decisão sobre o rodízio no Rio.

Por Paulo Maurício Costa
Informações: O Dia

READ MORE - Estação Penha é a próxima parada do BRT Transcarioca

BRT tem demanda mediana no Brasil

domingo, 26 de maio de 2019

Apontado como alternativa de transporte em relação aos sistemas sobre trilhos, o BRT (Bus Rapid Transit) não tem um caso comprovado capaz de atender a uma grande demanda no Brasil. O site compilou informações dos principais operadores dos corredores de ônibus brasileiros e também na página BRT Brasil.org, mantida pela NTU, entidade que representa as empresas de transporte coletivo no país. As informações, embora em alguns casos um tanto desatualizadas ou incompletas, conseguem fornecer um panorama geral do funcionamento do modal nas principais cidades do Brasil.
Principais corredores de ônibus de grande capacidade no país estão longe do movimento visto no Transmilenio, o celebrado BRT de Bogotá, na Colômbia

O corredor que tem o número mais vistoso é o Move, de Belo Horizonte, mas no BRT de pouco mais de 23 km também circulam ônibus de bairros que utilizam as vias em trechos menores ao mesmo tempo que os veículos de maior capacidade. Os dados sobre o movimento diário de passageiros variam dependendo da fonte. No site BRT Brasil fala-se numa capacidade de 750 mil passageiros enquanto a BH Trans, a empresa responsável pela operação, diz que o número transportado seria de 450 mil passageiros por dia.

Se esse último dado for real, o BRT de Belo Horizonte transportaria quase 20 mil passageiros por km, mas é pouco provável que esse número seja exclusivo do corredor já que parte disso pode incluir usuários que circulam por bairros – distância não incluída no cálculo.

Corrobora essa hipótese o fato de os dois corredores de ônibus seguintes no ranking terem metade desse movimento. As linhas Norte e Sul da RIT, a Rede Integrada de Transporte Coletivo de Curitiba, pioneira nesse modal, transportavam diariamente 10 mil e 11,1 mil passageiros por km de vias, baseado nos dados disponíveis no BRT Brasil.

Nem mesmo os badalados BRTs cariocas chegam perto de terem uma demanda elevada diante da sua extensão. O mais movimentado dele, o Transcarioca, transporta 234 mil passageiros pelo seus 39 km, média de 6 mil pessoas por km.

Para efeito de comparação, a Linha 15-Prata, longe ainda de ter um intervalo baixo e da velocidade média prevista, consegue transportar 8,2 mil passageiros por km atualmente. Se a estimativa do governo se concretizar, essa média  subirá para quase 27 mil passageiros por km quando o trecho até São Mateus estiver em operação plena. Ou seja, bem superior ao melhor cenário do BRT.

Boxeador meio-pesado em luta de pesados

Não é apenas na comparação da quantidade de passageiros transportados por km que o BRT não comprova sua suposta capacidade equivalente a de um sistema sob trilhos. Mesmo quando analisada a capacidade de transporte por hora os corredores de ônibus se revelam uma solução no limite para dar conta de uma demanda superior. É como um boxeador meio-pesado que faz um trabalho para ganhar massa muscular e subir de categoria. Ele até pode chegar perto mas a um custo muito alto.

De acordo com um documento produzido pelo governo Lula em 2008 chamado “Manual de BRT” e que foi publicado na época em que diversas linhas estavam prestes a serem implantadas no Brasil nos anos seguintes, “um sistema BRT padrão, sem faixas de ultrapassagens para serviços expressos, proverá um máximo de, aproximadamente, 13.000 passageiros por hora por sentido“. Em outras palavras, um BRT que tomaria o lugar da Linha 18-Bronze no ABC Paulista teria de possuir vários trechos de ultrapassagens para elevar essa capacidade em 67%. O mesmo artigo afirma que para ter faixas de ultrapassagens nas estações, um sistema “exige pelo menos 20 metros de largura de rua só para uso do BRT“.

Vale dizer que a região por onde passará grande parte da Linha 18 margeia o Córrego dos Meninos, trecho onde existem avenidas com cerca de 30 metros de largura, bem menos da realidade dos BRT do Rio e Curitiba, por exemplo. Em outras palavras, a implantação de um corredor dependeria de algumas opções de intervenção: eliminar faixas de rolagem de veículos, desapropriar parte dos imóveis para alargar a via ou construir o corredor sobre o córrego, por exemplo.

Com capacidade por hora estimada em 21.640 passageiros por sentido, o monotrilho ocupa um espaço bem menor na superfície, de no máximo 1,4 metro, segundo o Relatório de Impacto Ambiental produzido pelo Metrô. Mesmo na altura das vias, a largura é de apenas 4,55 metros, segundo o mesmo documento.

Por falar em documento, o estudo do governo petista cita, como fazem muitos defensores do BRT, o Transmilenio, sistema existente em Bogotá, capital da Colômbia, como exemplo prático da capacidade do modal. De acordo com ele, o BRT colombiano chega a transportar 42 mil passageiros por hora, quase o mesmo que o estimado pelo Metrô para o monotrilho da Linha 15-Prata (48 mil passageiros/hora).

No entanto, basta uma rápida observação das vias da capital colombiana para constatar que o Transmilenio foi construído em meio à vias extremamente largas, de cerca de 90 metros de largura, o que permitiu que fossem implantadas faixas duplas em ambos os sentidos. Não é a realidade do ABC Paulista e suas malha viária congestionada.

De quebra, o sistema de Bogotá, após quase 20 anos, já demonstra sinais de saturação, elevados índices de poluição e rejeição da população de avenidas por onde existem estudos de expansão. Justamente o efeito contrário de uma linha de metrô, capaz de valorizar e promover o desenvolvimento do entorno por onde passa.

Em busca de um novo caminho

A necessidade de transporte coletivo na região do ABC é a de criar novos e mais velozes caminhos e eles só são possíveis por vias elevadas ou subterrâneas. Além de degradar o entorno, um sistema implantado na superfície reduz a eficiência do sistema, como já revelava o estudo ambiental do Metrô em 2012. Num quadro comparando alternativas de modais entre monotrilho e VLT, a hipótese de vias na superfície é de longe a pior.

Para manter a capacidade de 340 mil passageiros por dia, um VLT com quatro carros teria um intervalo de 109 segundos contra 138 do monotrilho, mas uma velocidade média de 22,9 km/h contra 35,9 km/h do segundo. E a frota teria de ser 56% maior para dar conta da demanda. Esse cenário, levado para o BRT, cujo ônibus articulado mais utilizado pode levar 170 passageiros contra 665 do VLT e até 840 do monotrilho, se mostraria ainda mais degradado.

Em declaração à imprensa nesta terça-feira (21), o governador João Doria afirmou que a decisão sobre o modal será tomada até o final de junho enquanto o vice-governador Rodrigo Garcia revelou que o estudo que baseará a escolha será finalizado no dia 30 de maio.

Doria disse ainda que fará “o que for mais adequado, independentemente de pressões, desejos, ambições, será solução técnica” e que vai optar projeto “mais adequado para a população“. Se assim for então o BRT deveria ser descartado o quanto antes afinal não se trata apenas de decidir sobre uma questão de capacidade e demanda e sim de levar à frente uma solução de mobilidade que tem potencial de requalificar seu entorno, melhorar a produtividade, reduzir a poluição e satisfazer o desejo dos habitantes que há muito tempo esperam pelo metrô.

Informações: Metrô CPTM

READ MORE - BRT tem demanda mediana no Brasil

Brasília debate sistema de ônibus rápido para cidades-sede

quarta-feira, 18 de agosto de 2010


A implantação do Bus Rapid Transit (BRT) em nove das 12 sedes da Copa Mundo de 2014, receberá investimentos de R$ 20 bilhões do governo federal para obras e de R$ 2 bilhões da iniciativa privada para compra dos ônibus articulados que circularão em vias expressas. As cidades-sede que decidiram usar o sistema são Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Natal, Fortaleza, Recife, Salvador e Cuiabá. Em Brasília, São Paulo e Manaus não há previsão para implantar esse tipo de transporte de massa .
Este é o principal tema de discussões do seminário “Transporte de qualidade para uma vida melhor”, que ocorre nesta terça-feira (17) em Brasília, organizado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Tema que ganha importância com a decisão do governo federal de incluir o BRT no chamado PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da mobilidade urbana, para garantir a execução dos projetos dentro dos prazos estabelecidos para o Mundial, ao longo dos próximos três anos.
Para demonstrar as vantagens do BRT sobre outros meios de transporte, como o metrô convencional e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), um tipo de metrô de superfície, que será adotado em Brasília, a NTU trouxe da Colômbia os dois principais administradores do Transmilenio, o BRT de Bogotá. O sistema funciona desde 2001 e hoje transporta 1,6 milhão de passageiros por dia, sendo 45 mil por hora em cada sentido. Mas o Brasil foi pioneiro no sistema na América do Sul, com o BRT de Curitiba, implantado nos anos 1970.
De acordo com o presidente da NTU, Otávio Vieira da Cunha Filho, o custo de implantação do BRT representa 10% do custo de instalação do metrô e chega a ser quatro vezes mais barato do que o do VLT. Além disso, o prazo para implantação também é menor, 18 meses, enquanto o do VLT é de quatro anos (se não houver desapropriações) e o do metrô pode chegar a 20 anos.
Para o presidente da NTU, o momento é favorável devido aos compromissos assumidos pelo governo federal para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. “Dos R$ 20 bilhões do PAC da mobilidade urbana, R$ 6 bilhões já estão alocados pelo governo federal, com mais R$ 3 bilhões de contrapartida dos estados e municípios, para essa fase inicial em que serão [implantados] 20 corredores em nove cidades-sede da Copa”.
Além de Belo Horizonte, que está construindo quatro corredores expressos para o BRT, Cunha Filho disse que Recife e Goiânia já têm projetos prontos e recursos para iniciar as obras. A iniciativa privada vai bancar a compra dos ônibus e a manutenção das estações. Cada veículo deve custar cerca de R$ 600 mil. Para atender as nove cidades-sede da Copa que optaram pelo sistema seria preciso montar uma frota de 1,5 mil ônibus, o que representaria um investimento de aproximadamente 2 bilhões.
A palestra de abertura do seminário teve como tema “Transmilenio: mudança da qualidade de vida em Bogotá”. Falaram sobre o assunto Arturo Fernando Rojas Rojas, gestor governamental do BRT na capital colombiana, e Victor Raul Martinez, executivo da operadora privada do sistema, que circula numa extensão de 82 quilômetros (km) em Bogotá. Eles procuraram mostrar como o BRT representou uma solução de baixo custo para o transporte de massa da cidade de 7 milhões de habitantes e 2,6 mil metros de altitude, com melhoria do trânsito, passagens mais baratas, menos poluição do ar e velocidade média de 25 quilômetros por hora (km/h), contra 8 km/h dos ônibus convencionais.

Fonte: DCI


READ MORE - Brasília debate sistema de ônibus rápido para cidades-sede

Seja Mais Um a Curtir o Blog Meu Transporte

BRT Aricanduva

Ligeirão NORTE-SUL / Curitiba

 
 
 

Prefeitura de São Paulo anuncia retomada do Complexo Viário que ligará Pirituba à Lapa

Número de passageiros no Metrô de São Paulo cresceu em 2023

Como os trens de alta velocidade estão modernizando e desenvolvendo a Ásia

Em SP, Apenas 3 em cada 10 domicílios ficam perto de estações de metrô e trem

NOVO BRT RIO


Brasil precisa sair da inércia em relação aos ônibus elétricos

Brasil tem mais de cinco mil vagões de trem sem uso parados em galpões

LIGAÇÃO VIÁRIA PIRITUBA-LAPA


Seja nosso parceiro... Nosso e mail: meutransporte@hotmail.com

Prefeitura do Rio inaugura o Terminal Intermodal Gentileza

‘Abrigo Amigo’ registra 3,5 chamadas por dia em Campinas

Ônibus elétricos e requalificação dos BRTs tornam transporte eficiente e sustentável em Curitiba

Brasil prepara lançamento do primeiro VLT movido a hidrogênio verde

Informativos SPTrans

Nova mobilidade urbana revela o futuro dos deslocamentos

Em SP, Passageiros elogiam Tarifa Zero aos domingos

Porto Alegre terá 12 ônibus elétricos na frota em 2024

Recife: Motoristas mulheres são mais confiáveis no transporte coletivo junto aos usuários

Obras do VLT em Curitiba devem custar cerca de R$ 2,5 bilhões

VLT no terminal Gentileza


Com metrô, Salvador deixou de emitir mais de 45 mil toneladas de CO2 em oito anos

Barcelona dá transporte gratuito para quem deixar de usar carro

Os ônibus elétricos do Recife começaram a circular em junho de 1960